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Recicle Seu Computador!
Você sabe quanto pesa o seu computador? Embora possa não ter o dado
preciso, você poderia fazer uma boa estimava, com uma grande possibilidade de
não errar muito. Mas e quanto pesa todo o material gasto no processo produtivo
que transformou todas as matérias-primas, até fazê-las tomar a forma de
computador?
O dado é impressionante e acaba de ser divulgado pela Universidade das
Nações Unidas. Em um estudo coordenado pelo professor Ruediger Kuehr, os
pesquisadores descobriram que nada menos de 1,8 tonelada de materiais dos mais
diversos tipos são utilizados para se construir um único computador.
O cálculo foi feito tomando-se como base um computador de mesa com um
monitor CRT de 17 polegadas. Somente em combustíveis fósseis, o processo de
fabricação de um computador consome mais de 10 vezes o seu próprio peso.
São, por exemplo, 240 quilos de combustíveis fósseis, 22 quilos de
produtos químicos e - talvez o dado mais impressionante - 1.500 quilos de água.
O problema é que a fabricação dos chips consome uma enormidade de água. Cada
etapa da produção de um circuito integrado, da pastilha de silício até o
microprocessador propriamente dito, exige lavagens seguidas em água
extremamente pura. Que não sai assim tão pura do processo, obviamente.
O estudo mostra que a fabricação de um computador é muito mais
material- intensiva - em termos de peso - do que a fabricação de
eletrodomésticos da linha branca, como refrigeradores e fogões, e até mesmo do
que a fabricação de automóveis. Esses produtos exigem apenas de 1 a 2 vezes o
seu próprio peso em combustíveis fósseis.
Reciclagem de computadores
Mas esta não é a única razão pela qual os pesquisadores das Nações
Unidas estão preocupados com a reciclagem de computadores e de todo tipo de
equipamento eletrônico. Além do desperdício e do seu grande potencial poluidor
e até mesmo tóxico, o chamado e-lixo, ou lixo eletrônico, está fazendo um estrago
nas cotações dos metais utilizados na fabricação de componentes e circuitos
eletrônicos.
A primeira preocupação é facilmente perceptível. O simples descarte
dos equipamentos eletrônicos tecnicamente obsoletos representa um desperdício
enorme de recursos. "Há mais do que ouro nessas montanhas de sucata de
alta tecnologia," comenta o Dr. Kuehr. E não é força de expressão: o ouro
está mesmo presente nos contatos dos microprocessadores, das memórias e da
maioria dos circuitos integrados.
Metais preciosos nos computadores
Além do ouro, da prata e do paládio, os computadores contêm cobre,
estanho, gálio, índio e mais um família inteira de metais únicos e
indispensáveis e, portanto, de altíssimo valor.
O índio, um subproduto da mineração do zinco, por exemplo, é essencial
na fabricação dos monitores de tela plana, ou LCD, e de telefones celulares.
Ele está presente em mais de 1 bilhão de equipamentos fabricados todos os anos.
Nos últimos cinco anos, o preço do índio aumentou seis vezes,
tornando-o hoje mais caro do que a prata. E como sua produção depende da
mineração do zinco, não é possível simplesmente produzir mais, porque não há
produção suficiente de zinco. Além do que as reservas minerais são limitadas.
Graças a isso, alguns esforços de reciclagem do índio já estão sendo
feitos na Bélgica, no Japão e nos Estados Unidos, com excelentes resultados. O
Japão já consegue retirar metade de suas necessidades anuais do elemento a
partir da reciclagem.
E o índio não é o único exemplo. O preço de mercado de outros metais
necessários à indústria eletrônica, mesmo que em pequenas quantidades, também
disparou. Embora o preço do bismuto, utilizado em soldas sem chumbo, tenha
apenas dobrado nos últimos dois anos, o preço do rutênio, utilizado em
resistores e em discos rígidos, foi multiplicado por sete.
Ciclo de reciclagem
"Os grandes picos de preços de todos esses elemento especiais que
dependem da produção de metais como zinco, cobre, chumbo ou platina, ressaltam
que a manutenção da oferta a preços competitivos não poderá ser garantida
indefinidamente a menos que sejam estabelecidos ciclos eficientes de reciclagem
para recuperá-los a partir dos produtos obsoletos," diz o Dr. Kuehr.
Só que, da mesma maneira que esses elementos são geralmente
sub-produtos, aparecendo em quantidades-traço em relação aos metais principais
que a mineração está explorando, eles também aparecem em quantidades-traço na
sucata. E reciclá- los é também uma questão de alta tecnologia, que exigirá
processos de alta tecnologia.
Mas é essencial fazê-lo, diz o relatório da Universidade das Nações
Unidas. O setor de telecomunicações e tecnologia da informação já responde por
7,7% do produto mundial, segundo dados da OCDE. Só os equipamentos são responsáveis
por algo entre 4% (Estados Unidos) e 7% (Alemanha), variando conforme a região
e o país. É impensável continuar a desperdiçar recursos dessa magnitude,
simplesmente descartando esses bens obsoletos ou queimando-os e lançando seus
gases tóxicos na atmosfera.
Doação de computadores
Os pesquisadores da ONU também detectaram um problema inédito: uma
espécie de "caridade do amigo-da-onça". Algumas empresas de má fé,
situadas nos países centrais, estão enviando computadores para os países mais
pobres não porque estejam preocupados com a inclusão digital ou com a melhoria
da educação nesses países: elas estão simplesmente se livrando de forma
desonesta e ilegal de equipamentos cujo descarte seria problemática em seus
países e cuja reciclagem é ainda técnica e economicamente pouco interessante.
Essas empresas inescrupulosas contam com a própria incapacidade dos
países pobre e em desenvolvimento em viabilizarem o uso imediato dos
equipamentos, que acabarão ficando encostados sem que ninguém verifique sequer
se eles realmente funcionam. E os que ainda têm condições de funcionar, logo
deixarão de ter utilidade, graças ao ritmo alucinante da obsolescência técnica.
Projeto StEP
Para ajudar a organizar esforços mundiais no sentido de se viabilizar
a reciclagem de produtos eletrônicos em larga escala e em nível mundial, as
Nações Unidas lançaram o programa StEP ("Solving the E-Waste
Problem") - resolvendo o problema do e-lixo (lixo eletrônico).
O projeto StEP já conta com o apoio das maiores empresas fabricantes
de equipamentos de informática e telecomunicações do mundo. Esse esforço
conjunto almeja criar padrões mundiais de processos de reciclagem de sucata
eletrônica, aumentar a vida útil dos produtos eletrônicos e desenvolver
mercados para sua reutilização.
As Nações Unidos pretendem ainda dar aos países elementos que permitam
a harmonização das legislações nacionais quanto ao tratamento das sucatas
eletrônicas e a coordenação de esforços públicos e privados no sentido de
re-transformar o lixo eletrônico em riqueza.
Fonte: Inovação Tecnológica
sexta-feira, janeiro 01, 2010
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